Sleight of hand and twist of fate

"Amor, todas as vezes que te escrevi foi só para falar da saudade que me tortura todas as noites, mas hoje eu acordei com todas as ilusões, as esperanças e as frases feitas que construo na minha cabeça para ti e nunca as disse por medo. Por medo de não ser ouvida, de não ser aceite e interpretada da melhor maneira. Eu sei que não é fácil perceber o porquê de hoje ser diferente dos outros dias, mas hoje estive a um porcento de esperança de te enfrentar e não o fiz outra vez por medo, o estúpido medo, do que viria depois, estive mesmo quase, quase do tudo ou do nada. Existe um nada que é possível, um nada que nos aterroriza só com o barulho triste do silêncio a entrar no coração. O mesmo nada que tem vindo a instalar-se à bastante tempo nas nossas vidas, que eu sinto-o a quase toda a hora. Mas não é da dor da saudade que eu queria que tu conhecesses. Eu queria que conhecesses a cor do meu amor, o brilho do meu sorriso com o do teu, a razão pela qual nos acontece tudo e nunca nos acontece nada. 

Lembras-te? Havia dias em que éramos nós. Nós e as nossas conversas que nas entrelinhas enviavam amor. Nós e as nossas ilusões, esperanças e desejos. Eram os teus lábios nos meus, os meus olhos nos teus e os nossos corações em cliché. Mas a ironia do destino ou melhor, a vida engraçada com a mania que nos pode separar das pessoas mais importantes com decisões precipitadas, se lembrou de nos afastar. Afastar o nosso tudo por tudo. 

E agora estás aqui, agora, outra vez, na mesma situação que eu e eu, não consigo esquecer o tudo por tudo que era nosso. E tu vais e vens. Eu faço sempre de tudo para que fiques nem que sejam por meros cinco minutos, mas tens que ir, tens que ir sempre por não sermos um. 

Eu amo o jeito como andas, a maneira como falas e a forma como me olhas. Desejo tanto as tuas mãos, os teus dedos, os teus lábios... os teus lábios que me sufocam, os teus lábios que me pedem para os beijar... desejo tanto e tanto que nunca imaginarás o quanto. E eu quero-te aqui, com tudo e com nada, com nada e com tudo, contigo e comigo." mariliaqueirós